segunda-feira, 3 de junho de 2013

Variações da língua no Brasil do século XXI



“As diferenças na maneira de falar são maiores, num determinado lugar, entre um homem culto e o vizinho analfabeto que entre dois brasileiros do mesmo nível cultural originários de duas regiões distantes uma da outra. A dialetologia brasileira será, assim, menos horizontal que vertical.” (Teyssier, Paul. História da língua portuguesa, p.98)

            País de óbvia grande extensão territorial e, portanto, de igual grandeza na diversidade geográfica e cultural nos leva a ideia de que o português falado como língua oficial no Brasil pudesse ser subdividido em dialetos.


            Dialeto é, no entanto, uma norma própria de uma região, e a força dessa variação depende, entre outros fatores, do “tempo maior ou menor em que as variedades puderam se preservar sem submissão a uma norma escolar unificada” (Bearzoti, Paulo. “Características do português do Brasil”, Formação linguística do português no Brasil). Não houve, no Brasil, a presença desse fator visto que, apesar das variações, sempre houve uma submissão, uma ligação necessária a uma norma unificadora.


            Antenor Nascentes, citado por Celso Cunha (Nova Gramática do Português Contemporâneo, p.32-34), baseado em diferenças de pronúncias, distingue dois “dialetos” brasileiros – que nós denominaríamos dialetos – os do Norte (abertura das vogais pretônicas em palavras que não diminutivos nem advérbios em –mente; córrer por correr) e os do Sul (não abertura das vogais  e a “cadencia” da fala, mais descansada no Sul e mais cantada no Norte). Subdividindo-os teríamos o que Antenor Nascentes coloca como “subfalares”, dividindo o grupo do Norte em amazônico e nordestino, e o do Sul em baiano, fluminense, mineiro e sulista.


            As divisões que ocorrem no país, se observadas de perto são, segundo citação de Teyssier acima, muito mais sócio-culturais que geográficas, portanto a oposição maior de línguas estaria entre a língua das pessoas de maior instrução e a língua vulgar das camadas urbanas que variam em maior ou menor instrução. Portanto, entre dois brasileiros de mesmo “nível” cultural e de instrução porém de regiões diferente há menor diferença que entre dois da mesma região porém de níveis culturais e escolares diferentes, tal qual um analfabeto e um homem culto.





Variantes Regionais do Português do Brasil, segundo Antenor Nascentes  - filólogo e lexicógrafo - (1886-1972), pioneiro da dialetologia no Brasil, talvez atualmente superada ou imprecisa, serve apenas de referencial.



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